domingo, 7 de fevereiro de 2016

BLOG DA ROSI BARRETO: DO CARNAVAL DE PRETO(A) PARA O RACISMO NAS RUAS: C...

BLOG DA ROSI BARRETO: DO CARNAVAL DE PRETO(A) PARA O RACISMO NAS RUAS: C...: Um homem/mulher preto(a) incomoda muita gente! Dois homens/mulheres pretos(as), incomodam, incomodam muito mais! Dois homens/m...

DO CARNAVAL DE PRETO(A) PARA O RACISMO NAS RUAS: CARNAVAL DE SALVADOR






Um homem/mulher preto(a) incomoda muita gente! Dois homens/mulheres pretos(as), incomodam, incomodam muito mais! Dois homens/mulheres pretos(as), incomodam muita gente, Três homens/mulheres pretos(as), incomoda muita gente. Quatro homens/Mulheres pretos(as), incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito mais! Esta musiquinha reflete a realidade do o carnaval de Salvador. https://brasiliamaranhao.wordpress.com/2012/01/30/carnaval-racista-salvador/. A matéria em que a imagem foi retirada está no link anteriormente citado.
 
Este texto promove uma reflexão sobre o  carnaval de Salvador e como os pretos e pretas foram perdendo o espaço dentro dele. Agora muitos deles estão presentes como vendedores ambulantes e catadores de latinha. Mesmo sendo o fomentador, passa a ser figura coadjuvantes, de segundo plano até nos vídeos publicitários promotores do carnaval para o turista das administrações públicas.  A imagem acima é a prova cabal da exclusão dos pretos no carnaval de Salvador. Assim como o vídeo abaixo que faz a divulgação internacional para a captação de recursos para a cidade. Est foi considerado e é racista para muitos e muitas pessoas conscientes de tudo que acontece na cidade. Link para o vídeo: http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/1718835-video-sobre-salvador-e-considerado-racista-por-internautas.


 
                                 Fonte: Jornal A Tarde. 

 O carnaval de rua de Salvador contava com a presença da população negra. Os(as) brancos(as), não racistas que declaram que no Brasil é tudo misturado brincavam os seus carnavais nos clubes privados. Mas, na rua era mais gostoso, mais divertido, os turistas adoravam e o povo baiano também. Os(as) brancos não se contiveram e saíram de seus clubes, mas, com as cordas, enfim, não podiam se misturar com os(as) pretos(as). E assim vai o carnaval sem cordas para o povo e turistas. Os pretos saíam nos blocos de índio. Tupys, Comanches, Apaches do Tororó, nas Escolas de Samba, Bafo da Onça, Calouros do Samba, Diplomatas da Amaralina, ES Unidos do Politeama, Filhos da Feira de São Joaquim, Filhos do Tororó, Juventude do Garcia, Liga Independente do Samba, Ritmistas do Samba, Ritmos da Liberdade, Unidos do Vale do Canela, Verde e Rosa, e De Hoje a 8.


Mas, isto passou a incomodar aos administradores e então começaram a defender a profissionalização do carnaval e do baile a fantasia passou à homogeneização dos abadás. Então fixaram os olhares para os blocos e nos barraqueiros, estes agora pagariam impostos ou taxas para participarem da festa. Agora os blocos pagam: Impostos sobre circulação, Associação de percussão, taxas para vender, catar latinha, para cantar(direitos autoriais), dentre outros. O carnaval de Salvador passou a ser palco de "celebridades" para lançarem os seus hits. Então o patrocínio e a mídia viram o campo perfeito para gerarem lucros com os camarotes e sofisticação, apenas investindo em blocos de brancos. 

Mas os negros e negras ainda incomodavam demais e ainda era preciso mostrar para o mundo o Brasil branco e o carnaval foi redirecionado para o Circuito Barra/Ondina exclusivo para brancos e turistas. Neste circuito por exigência principalmente dos artistas globais, que queriam ver os afros, o que faz a prefeitura inserir O Ilê Aiyê, Olodum e Filhos de Gandhy um dia neste circuito. Assim a prefeitura de Salvador acaba o carnaval para a população negra, direcionando as melhores atrações para o Circuito Barra/Ondina deixando o Campo Grande com atrações quase que desconhecidas. Detalhe no novo circuito só existe espaço para blocos e camarotes, nada de foliões. Acabou o circuito com as melhores atrações no Circuito do Campo Grande, local que era do carnaval tradicional de Salvador.  E os(as) cantores(as) que realmente faziam o carnaval acontecer nem são citados pelos organizadores da festa.

Aí começa o racismo

Nenhum bloco afro até o ano de 2016 tem patrocinadores que não sejam instituições públicas, nenhuma empresa privada patrocina bloco afro em Salvador, nenhuma cervejaria. As empresas privadas investem pesado nos blocos que podemos dizer de brancos, vide imagem que encabeça este texto. Na imagem vemos os brancos nos seu reduto seletivo em plena folia e os negros a maioria fora na pipoca oprimido num espaço determinado pela prefeitura, algo em torno de 2 metros no Circuito Campo Grande e no Barra/Ondina, 0 (zero) metro. 

Os blocos de branco começaram a selecionar pessoas pela cor da pele e endereço, morador da periferia não podiam sair em blocos de brancos(as), mas não era racismo, racismo era não poder sair brancos nos blocos Afro, principalmente o ILê Ayiê, que é o mais belo dos belos. O horário de desfile dos blocos afro eram sempre depois das 22 horas, no horário de ausência de mídia televisiva e não tinha transmissão destas entidades. Apenas a mídia internacional registrava e registra a beleza dos blocos afro.

Mesmo com  o Axé Music a mídia conseguiu visibilizar apenas cantores(as) brancos, ninguém fala em Margareth Menezes, Lazzo Matumbi, nem mesmo no Carlinhos Brown. Até o arrastão que era de Carlinhos Brown agora é de Iveste Sangalo. Existem inúmeros cantores e compositores negros em Salvador, a ínfima parte deles nos circuitos da folia.

Do carnaval sem cordas e de olho nos lucros vão acabando as escolas de samba, os blocos de índios e apenas os trios elétricos e blocos de trio protagonizavam a festa, e só com cantores brancos e brancas cantando e sendo visibilizados pela mídia. Um dia, na década de 1970, um negro sentiu vontade de sair num bloco de carnaval e procurou o Bloco Os Internacinais, este negro é Vovô do Ilê Ayiê, foi barrado porque no bloco não acietava negros como foliões. Assim, Vovô funda o Ilê Ayiê onde só poderiam sair negros e negras. Aí acendeu o debate do racismo do bloco Ilê Ayiê, que deveria aceitar brancos, mas os brancos não podem aceitar negros. Blocos como Olodum, Ilê Ayiê, Os Negões tiveram projeção devido ao interesse da imprensa internacional, mesmo assim continuam invisibilizados na cidade.

Mas mesmo assim com circuitos exclusivos para pretos e brancos, sutileza racista do racismo camaleônico, crime perfeito e  cirúrgico, doméstico brasileiro, os blocos afro desfilam mais cedo. Mas por que? Carlinhos Brown sugeriu o Afrodromo apenas para os blocos afro. Ave Maria, racismo, discriminação,guetificação. Mas, como o Brasil não é racista nem Salvador (a exemplo da imagem que encabeça este texto), foi uma debate muito grande e assim blocos afro hoje apenas tem um horário mais acessível. No entanto, na cidade de maioria negra os blocos afro não são do agrado de muitos, e de muitos pretos e pretas.

Agora a parceria do publico inserindo verba no privado

Agora é pago, R$ 500.000,00 para Ivete Sangalo e R$ 340.000,00 reais o governo da Bahia pagou para os dois cantores saírem sem cordas um dia da semana, na quinta-feira de Carnaval. Quer dizer, saíamos dem cordas há muito tempo, agora é pago.

A hora da ditadura

A ditadura, agora quem brinca carnaval em Salvador perdeu o direito de escolha da cerveja, só pode comercializar cerveja SCHIN, passando a ser ilegal beber cerveja de outras marcas, ou consumir outro produto como dizem. Ah! Vivemos num país democrático e de direito, eu esqueci!! Cso seja um vendedor ambulante ou casa comercial do circuito da festa comercializar Skol, Bavária, Brahama, Itaipava, Antárctica são penalizados pagando uma multa para reaver as suas mercadorias.

Os jovens negros
Para a policia Militar de Salvador, os que tem a epiderme mais escura são potencial traficantes e ladrões. A abordagem a estes jovens é algo nojento. O olhar do policial é seletivo. Ele olha ao redor e age, no jovem mais preto. Eu vi este ano: Olhou, mirou um jovem negro, abordou, colocou-o com as mão para trás. Encontrou um canudo de plástico - canudo para beber refrigerante, jogou fora. Depois um dos policias confabulou com um PM e resolveu deixar o jovem dançar atrás do Olodum.   Mas, ainda a trás do Olodum A Guarda Municipal e PM, cutucavam com o seu cassetete a costela de alguns jovens que passavam meso que estes não tivessem fazendo nada, apenas dançando

Outras manifestações racistas nos carnaval brasileiro

Não apenas o carnaval de Salvador, mas o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, também criação dos pretos, ao permitirem a presença da mídia e das empresas privadas a exemplo da Rege Globo vemos agora outro desenho. Os(as)  os destaques atualmente, são em maioria pessoas brancas, as rainhas de baterias celebridades e brancas. As mulheres negras no ano de 2016 são apenas duas como rainha da bateria. No Brasil, quando o negro ou a negra faz algo exitoso a elite branca se apropria, invisibiliza e exclui o negro e passando então a protagonizar as invenções culturais dos(as) pretos(as) e as vezes, é uma pena com o aval do próprio preto. Coitado(a), achando, penso eu, que os(as) brancos(as) vão o(a) valorizar. Delírio, brasileiro não gosta de brasileiro e não gosta de pretos e pretas.

Rosivalda